olho e o espirito
Prefácio
“... último escrito...uma contribuição ao primeiro número de Art de France... um ensaio... (1960)...” (p.9)
“Instalado... no campo provençal, não... distante de Aix, no Tholonet... usufruindo... a paisagem que conserva para sempre a marca do olho de Cézanne, Merlau-Ponty volta a interrogar a visão, ao mesmo tempo que a pintura...interroga-a como que pela primeira vez, como se não tivesse... reformulado suas antigas questões em O visível e o invisível, como se todas as suas obras anteriores – e... Fenomenologia da percepção (1945) – não pesassem em seu pensamento... Ele busca... palavras... capazes de nomear o que faz o milagre do corpo humano, sua inexplicável animação, tão logo estabelecido seu dialogo mudo com os outros, com o mundo e consigo mesmo – e também a fragilidade desse milagre... essas palavras ele... as encontra: ‘Um corpo humano está aí quando, entre vidente e visível, entre tocante e tocado, entre um olho e outro, entre a mão e a mão se produz uma espécie de recruzamento, quando se acende a faiscado seciente-sensível, quando se inflama o que não cessará de queimar, até que um acidente do corpo desfaça o que nenhum acidente teria bastado para fazer...’” (p.9-10)
“Aqui, o discurso se libera da teoria... para além do deslumbramento que a arte do pintor lhe proporciona, esse... deslumbramento que nasce do simples fato de vermos, de sentirmos e de surgirmos, nós mesmos, aí – do fato desse duplo encontro, do mundo e do corpo, na origem de todo saber e que excede o concebível.” (p.10)
“... Merleau-Ponty evoca, uma paisagem que já havia captado o espírito com o olhar, onde o próximo se difunde no distante e o distante faz vibrar o próximo, onde a presença das