O CONTRATO SOCIAL DE THOMAS HOBBES
INTRODUÇÃO
Estudar um filósofo que já foi muito e rigorosamente estudado é uma tarefa, no mínimo, desafiadora. O que temos a acrescentar ou mudar nesta longa e rigorosa história de estudos do pensamento hobbesiano? Ou, por que ainda pode ser interessante discutir a filosofia política traçada por Thomas Hobbes?
Começamos sugerindo que Hobbes não é um autor de pensamento único e claro. Adjetivos estes que fazem jus a profícua tradição de leituras secundárias sobre o pensamento hobbesiano que se multiplicam desde o século XVII até os dias atuais. Por vezes, tenta-se enquadrar Hobbes em “ismos” (liberalismo, absolutismo, positivismo, jusnaturalismo, materialismo, etc.), mas o pensamento hobbesiano parece sempre escapar, para além ou aquém destas conclusões teóricas. Têm-se muitos Hobbes ou existe apenas um Hobbes que não cabe em denominações, ou teorias pré ou pós-estabelecidas? Por que é tão difícil e na maioria das vezes tão controverso classificarmos Hobbes em quaisquer um dos “ismos” existentes? Se não conseguimos classificar, nomear, clarificar absolutamente o pensamento hobbesiano em um único e completo pensamento, ainda assim é interessante bem qualificar a filosofia política desenvolvida por Hobbes? Se tem-se um pensamento que oferece, aparentemente, teorias inúmeras e mesmo controvérsas acerca dele, podemos considerar este pensamento interessante? Ora, um pensamento que tudo abrange, para o qual todas as interpretações, ou pelo menos muitas interpretações são possíveis perde a qualidade, pois do que tudo se pode concluir, nada se pode concluir. Seria este o caso da filosofia política hobbesiana?
Não temos todas estas respostas, mesmo por que não podemos procurar todas aqui. Não obstante, tais questões são importantes para orientar nosso “olhar” em direção a teoria política hobbesiana. Hobbes tem muita história e/ou tradição de leituras, mas ainda hodiernamente oferece conteúdo para leituras novas