O contexto historico do surgimento da sociologia
I – Introdução
A sociologia, no contexto do conhecimento científico, surge como um corpo de idéias que se preocupa com o que a sociedade moderna destruiu e gerou no seu processo de constituição e consolidação; a sociologia é fruto direto das transformações sociais, culturais, políticas e econômicas ocorridas na sociedade ocidental a partir do século XVI, culminando com a Revolução Industrial e a Revolução Francesa no século XVIII, ocorrida no século XIX, e nesse sentido é chamada de “ciência da crise” – crise que essa revolução gerou em toda a sociedade européia.
No entanto, na Idade Antiga, já existia na filosofia grega uma preocupação com a sociedade através de obras como A República, de Platão (429-341 a.C.), e Política, de Aristóteles (384-322 a.C.). Na primeira obra, encontra-se o projeto de como a cidade-Estado deve ser organizada para se evitar as crises políticas e sociais, estipulando-se até o número máximo de habitantes. Já na segunda, Aristóteles acreditava que as crises eram inevitáveis para as cidades, e também afirmava não haver maneira de escapar das mudanças institucionais para preservar estes pequenos Estados. Platão e Aristóteles foram os primeiros a pensar a sociedade de forma integrada e a pensar as relações sociais de maneira sistemática e separada da religião, apontando as relações sociais como obra humana. O pensamento desses filósofos foi importante para a constituição das ciências humanas no século XIX, pois iniciam o esboço do pensamento racional acerca das relações sociais.
Nos tempos medievais, período em que vigorou o teocentrismo e a Igreja condicionava a ordem social atuando em todas as esferas da sociedade, obras como A cidade de Deus, de Santo Agostinho, já trabalhava com temas sociais, embora fundadas na visão cristã dominante na época. Segundo esse teólogo, os homens só poderiam se redimir diante de Deus a partir da construção de comunidades que reproduzissem o