o contador de histórias
Parte-se de um tema naturalmente convidativo, de uma personalidade popular (Roberto Carlos, contador de histórias) e uma proposta visual que se quer abrangente. A grande questão é que a idéia de história para rir e chorar, o tal do gosto popular - por si só uma conceituação frágil -, vira em O Contador de Histórias um quase sinônimo de condescendência com o espectador. Uma das grandes virtudes do filme, que é imprimir a personalidade do contador na história, desde as fantasias ilustradas até a própria narração em off, tomam rumos tão óbvios e excessivamente convenientes que não nos deixa outra sensação a não ser um total medo do filme de correr riscos. E a questão vai mais além.
Dentro de uma própria noção de entretenimento que este filme coloca, onde não existe necessariamente um fator desafiador ou de afirmação política cinematográfica diante do espectador, o que se constata é uma grande perda de inventividade, ironicamente uma distorção da arte de contar histórias. Parece que com todos os desenvolvimentos ao longo do tempo na linguagem cinematográfica, desde o “surgimento” do som, da cor e os vários desdobramentos que disponibilizaram mais recursos para comunicação, os elementos foram sendo tomados por suas facilidades e banalizados. Alfred Hitchcock