O Contador de Historias
Sinopse: A história verídica de Roberto Carlos, hoje um dos maiores contadores de história do mundo. Ele era um menino de rua que recebeu a ajuda de uma pedagoga francesa.
Quem assiste ao trailer de O Contador de Histórias, sabendo um pouco do assunto de que o filme trata, pode achar que muita fantasia será vista na tela. Há uma certa dose de imaginação no enredo – como na ótima participação de Chico Diaz –, mas é bem menos do que seria desejável.
Por outro lado, a carga emotiva que a jornada de Roberto Carlos oferece é muito bem aproveitada na produção. A trilha musical composta por André Abujamra e Marcio Nigro (dupla também responsável por Encarnação do Demônio) é um ingrediente para causar comoção nos espectadores.
Quem não conhece o contexto em que a trama está situada pode achar que Margherit – papel de Maria de Medeiros (Eu Me Chamo Elizabeth) – é uma personagem forçada, mas o que acontece é o contrário. Nos anos 1970, os estudos de Piaget faziam a cabeça da grande maioria dos pedagogos. Margherit é um exemplo de profissional que adota fielmente as condutas dessa linha de raciocínio.
A temática, envolvendo o poder da educação e a recuperação de crianças que são dadas como perdidas, é extremamente positiva e só por isso o longa já se justifica. As pitadas de humor bem-dosadas fazem graça com várias situações, desde as ilusões do protagonista, até com o sistema da Febem e outras críticas sociais.
Entretanto, a falha principal de O Contador de Histórias é o excesso de texto, um vício comum na obra do roteirista José Roberto Torero (Como Fazer um Filme de Amor). Em mais de uma oportunidade a narração feita pelo próprio Roberto é redundante e frustrante. Se isso fosse eliminado, o filme – que já é bom – ganharia muito mais.