O conceito de raça no cenário brasileiro
MARIA PATRÍCIA LOPES GOLDFARB
Professora Adjunta do Departamento de Ciências Sociais e Programa de Pós-Graduação em Antropologia- UFPB
Apresentação
O conceito de raça durante muito tempo foi utilizado no Brasil, quer seja no cenário acadêmico ou popular, como meio de definir grupos sociais e identidades culturais. Obviamente tal conceito encontra-se ligado à própria história, ou melhor, serviu como “ponto de partida” para se pensar, contar e construir a historiografia do Brasil e do brasileiro.
A terminologia “raça” foi, ao longo dos séculos, utilizada como um meio de definir os povos e separá-los segundo critérios raciais, baseados na teoria da “seleção natural”[1]
Durante o século XIX, doutrinas raciais pregavam a inferioridade de povos indígenas e negros, a sua impossibilidade de inserção no “mundo civilizado” e seu inevitável desaparecimento. Tais doutrinas alimentavam as especulações sobre a vida das “raças inferiores” no Brasil e levantavam às possibilidades de potencialidade dos mestiços; porém sempre em comparação à superioridade incontestável dos brancos. Os atributos negativos inerentes à mistura racial e as “raças inferiores”, sobretudo os limites de cunho moral, físico e intelectual e o seu caráter degenerativo, eram constantemente abordados pelos mais diferentes estudiosos.[2]
As doutrinas raciais, portanto, serviram como um importante meio de caracterizar o Brasil enquanto nação, como um país formado a partir da mistura racial. Dentre os muitos estudiosos que no Brasil trataram de questões raciais e miscigenação na formação da identidade nacional, analisaremos as concepções de Silvio Romero (1949), Nina Rodrigues e Gilberto Freyre (1933), autores ímpares na criação e propagação do “mito das três raças” no mundo acadêmico e sua extensão para a vida social.
No Brasil, o nacionalismo - movimento histórico, político e ideológico -