o capital
Em um capítulo interessante nessa continuação de O Capital, Marx fala sobre a acumulação ou a conversão da mais-valia em capital. Ele nos diz que as mercadorias que o capitalista compra para seu consumo com uma parte de mais-valia não lhe servem de meio de produção, e também não é trabalho produtivo o que ele compra para satisfazer suas necessidades.
O capitalista ao comprar essas mercadorias consome a mais-valia como renda, em vez de transformá-la em capital. A concepção de velha nobreza “consistia em consumir o que existe”, segundo Hegel.Para a mentalidade burguesa, especialmente nos séculos XVII, XVIII e XIX, é muito importante proclamar a acumulação de capital como o primeiro mandamento, e aplicá-los em bens imóveis e em trabalhadores adicionais.
A burguesia fará triunfar o livre-comércio e o liberalismo econômico. Surgirá a prática dos monopólios e do açambarcamento. Marx então diz que os economistas modernos tinham de combater a ideia de associar a produção capitalista ao entesouramento, ideia que era odiada na Idade Média.
Marx rejeita a ideia de John Stuart Mill de que a longo prazo o capital se transforma em salários. O capitalista burguês, proprietário da mais-valia, pratica um ato de vontade e economiza porque não consome e exerce sua função de capitalista, a função de enriquecer. Partilha com o entesourador o prazer da riqueza pela riqueza. O credo capitalista é acumular e poupar.
O capitalista clássico condena o consumo individual como pecado contra a acumulação. É curioso notar esses economistas modernos pregando a poupança aos pobres na televisão e no jornal. Se o pobre penso em consumir um bem necessário ao seu conforto, logo vem o economista e sua mentalidade burguesa proclamando a poupança e alertando para o endividamento. Ou seja, o pobre, além de ser pobre por supostamente não trabalhar, é também pobre porque não poupa. Querem no fundo impor ao trabalhador uma renúncia à fruição da vida.
Marx