O capital e o Trabalho
Primeiro, “a unidade imediata e mediata de ambos”; significa que num primeiro momento estão unidos, separam-se depois e tornam-se estranhos um ao outro, mas sustentando-se reciprocamente e promovendo-se um ao outro como condições positivas;
Em segundo lugar, “a oposição de ambos”, já que se excluem reciprocamente e o operário conhece o capitalista como a negação da sua existência e vice-versa;
Em terceiro e último lugar, “a oposição de cada um contra si mesmo”, já que o capital é simultaneamente ele próprio e o seu oposto contraditório, sendo trabalho (acumulado); e o trabalho, por sua vez, é ele próprio e o seu oposto contraditório, sendo mercadoria, isto é, capital.
O trabalhador é estranho ao produto de sua atividade, que pertence a outro. Isto tem como consequência que o produto se consolida, perante o trabalhador, como um “poder independente”, e que, “quanto mais o operário se esgota no trabalho, tanto mais poderoso se torna o mundo estranho, objetivo, que ele cria perante si, mais ele se torna pobre e menos o mundo interior lhe pertence”
Marx começa sua análise pela mercadoria. Qual teria sido o motivo desta escolha aparentemente arbitrária? Segundo David Harvey, "Começar com mercadorias se mostra de grande valia, pois todo mundo tem contato diário e experiência com elas. [...] A forma da mercadoria é uma presença universal dentro do modo de produção capitalista. Marx escolheu o denominador comum, algo que é familiar e comum a todos nós, independentemente de classe, raça, gênero, religião, nacionalidade, preferência sexual ou o que quer que seja. Nós conhecemos as mercadorias de uma maneira cotidiana, e elas são, além disso, essenciais à nossa existência: nós temos que comprá-las para podermos viver"
Daí a frase que abre o Capital ser a seguinte: "A riqueza das sociedades onde reina o modo de produção capitalista aparece como uma enorme coleção