O apartheid existe
A minha notícia é uma reportagem recente da Superinteressante, sobre Orânia, uma cidade da Africa do Sul onde quase todos os carros são brancos e os habitantes, sem exceção, são todos brancos.
Com a constituição mais recente na Africa do Sul que criminaliza o racismo, como é possível existir uma cidade dentro da lei, sem nenhum muro ou seguranças, que impeçam negros entrarem lá?
Porque na verdade, juridicamente, esse povoado não é bem uma cidade, mas sim uma grande empresa, que fica dentro do município de HopeTown que possui um presidente, ao invés de um prefeito, mostrando o caráter separatista.
E os moradores são acionistas, ou seja, ao comprar uma casa lá você se torna sócio dessa empresa. E como qualquer empresa tem a liberdade de recusar sócios, Orânia tem a autonimia de decidir quem pode ou não viver lá.
Mesmo sendo formados por apenas 15 ruas, eles se consideram um país e são praticamente autossuficientes economicamente. A maioria dos alimentos e dos serviços são produzidos lá mesmo, e os moradores têm negócios próprios nesse povoado-empresa. Eles têm suas próprias escolas, igrejas, museus, possuem uma estação de rádio, a própria moeda: o ora, e até o próprio idioma, que na época do regime do Apartheid era o número um nas universidades da Africa do Sul. Eles só dependem dos negros para uma coisa: posto de gasolina que liga uma cidade a outra e é o único num raio de 15 km.
E tem uma questão étnica envolvida: não basta ser branco para morar em Orânia, você precisa ser descendente dos holandeses, que são os que colonizaram a Africa e formaram a elite composta por 4 por cento da população que governava privilegiando os brancos e marginalizando os negros, que eram 98 por cento da população.
Nelson Mandela, recentemente, se mostrou interessado a conhecer a cidade, e foi amigável. Tomou um chá com os líderes num ato de conciliação.
No final a Super faz uma comparação: eles perguntam aos líderes e aos adolescentes qual o futuro de