O choque entre o jato Legacy e um Boeing da Gol, em setembro de 2006, que provocou a morte de 154 pessoas, e as imensas filas e atrasos de voos que se seguiram nos aeroportos brasileiros foram a face mais visível de uma nova crise nacional: a do setor aéreo. Desde então, o passageiro tem convivido com períodos de normalidade, interrompidos por sobressaltos provocados por problemas nos aeroportos e denúncias de riscos de novos acidentes. A crise, está claro, persiste, porque persistem as suas causas. O desastre chamou a atenção para a precariedade no setor do transporte aéreo no país, instaurando a CPI do Apagão Aéreo. O problema começou porque o ritmo de aumento no setor aéreo não foi proporcional ao investimento na infraestrutura dos aeroportos. A demanda cresceu muito nos últimos anos e não houve capacidade para planejamento de uma estratégia que atendesse este crescimento. Considerado vilão na crise do setor aéreo, o Aeroporto de Congonhas, o mais movimentado do Brasil, sofre as consequências da ineficiência de coordenação nas atividades do setor, operando acima do limite de sua capacidade, para tentar contornar o fluxo de passageiros. A partir de então, o caos tomou conta dos aeroportos brasileiros: controladores chamando a atenção para péssimas condições de trabalho (tanto por excesso de voos controlados, como falhas nos equipamentos), detecção de problemas nos radares (os chamados "buracos negros", ou seja, locais onde o sistema de controle e a comunicação são precários), diminuição no número de voos por hora, passageiros dormindo em bancos ou no chão dos aeroportos, voos muito atrasados ou cancelados, filas enormes nos balcões de check-in, gerando revolta entre os passageiros. Em 30 de março houve uma paralisação nas atividades dos Controladores de Tráfego Aéreo, que se recusaram a deixar o prédio do Cindacta I, em Brasília, e pararam as decolagens no país por três horas. O motivo da greve foi a insatisfação dos Controladores, em relação ao