O amor nos tempos do Capitalismo
Na sociedade consumista, tudo tem o seu valor de usufruto e de troca e os produtos alçam-se ao patamar acima do ser humano. É o chamado fetichismo da mercadoria. As coisas não são um meio de nos proporcionar qualidade de vida e evolução pessoal, elas são um fim em si mesmas. Compra-se um carro não por necessidade de locomoção, mas por ser um objeto carregado de um simbolismo poderoso de realização existencial.
Compra-se um tênis não para melhor poder caminhar, mas pela sua etiqueta ser reflexo de status social. Compra-se uma bolsa de grife para que os outros reflitam nosso sucesso ao vêem que podemos adquiri-la, ela pouco serve para guardar as coisas. Neste processo, o humano perde sua característica singular e, quando não abaixo, está no mesmo nível das coisas comercializadas.
O Ser marginaliza-se e o Ter é o que nos define como indivíduos.Mas, além disso, o capitalismo precisa da rotatividade dos objetos. Sai um carro novo, um tênis novo, uma bolsa nova e corremos atrás destes novos objetos para atualizarmos o nosso status de vencedores por meio deles. Os objetos precisam se tornar efêmeros para que o consumismo prevaleça e que o indivíduo busque cada vez mais se preencher com esses objetos de validade pré-determinada.
As relações humanas não estão imunes a este processo de fetichismo e o amor, sentimento tão debatido, visto como um meio de ascensão do ser, entra na roda viva da efemeridade do consumo. O consumista está sempre insatisfeito, pois não se realiza enquanto ser, e as atitudes dessa insatisfação serão reproduzidas em suas relações pessoais e amoras. O outro não é visto como singular na relação, mas como um espelho que reflete as projeções do consumista. Finda-se a ética das relações e a pessoa é uma mercadoria cuja validade existe enquanto proporciona ao outro sentimentos de realização mercadológica.
Não se ama o que o outro é, mas o status social e material que ele representa. Ele se torna