O aluno não é mais o mesmo
E AGORA, PROFESSOR ?
A transfiguração histórica dos sujeitos da educação
Antonio Fávero Sobrinho
Faculdade de Educação
Universidade de Brasília
“O mundo mudou, os alunos também.
Teremos de alterar nossas representações do mundo e do aluno.”
(GIMENO SACRISTÁN, 2005)
ANAIS DO I SEMINÁRIO NACIONAL: CURRÍCULO EM MOVIMENTO – Perspectivas Atuais
Belo Horizonte, novembro de 2010
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1. Problematização temática
A problemática suscitada pela charge — a transfiguração do aluno de ontem no aluno de hoje — tem amparo histórico, considerando que o corte temporal em questão ―
1969 a 2009 ― corresponde a uma verdadeira “transição paradigmática”, marcada por um conjunto de transformações culturais que alterou profundamente o nosso “modo de pensar, de produzir, de consumir, de fazer guerra e de fazer amor.” (CASTELS, 1999).
Nesse cenário histórico, os professores, por serem “sujeitos existenciais, pessoas com suas emoções, suas linguagens e seus relacionamentos”, quando entram em sala de aula para dar a “mesma” lição diante dos “mesmos” alunos, vivenciam, no dia-a-dia da escola, todas essas mudanças e diferenças históricas. (TARDIFF, 2002). Por essa razão, paira entre eles um ‘sentimento coletivo de desassossego’ e um profundo estranhamento diante da mudança de comportamento dos estudantes: freqüentes manifestações de indisciplina, violência, resistência ao estudo, cenas de namoro, preocupações com a moda, com os celulares...
Todas essas questões já extrapolaram os muros da escola e estão presentes em estudos e pesquisas da literatura educacional, que discutem suas implicações pedagógicas, bem como sua dimensão histórico-cultural. Green e Bigun (1995) têm se destacado por estabelecer a diferença histórica entre o aluno de ontem e o de hoje. Para eles, os alunos que estão em nossas escolas são radicalmente diferentes dos alunos de épocas anteriores por apresentarem uma “historicidade pós-moderna”, constituída por um