O agendamento nos telejornais
(Uma análise dos principais telejornais em canal aberto)
INTRODUÇÃO
O espaço dos telejornais evidencia-se numa instância em que se instaura a construção e/ou modificação da realidade social, através dos efeitos que esse recurso midiático exerce sobre a opinião pública.
Desde os anos 70, quando surgiu a hipótese do agenda setting, são realizados estudos sobre os efeitos da mídia nas diferentes temáticas e nas relações interpessoais. Assim, a incidência temática dos discursos induz a pensar que as pessoas só falam sobre determinados temas, agendados pelos recursos midiáticos.
Barros Filho (2003) e Wolf (2002) observam que a mídia, ao impor uma seleção de informações, acaba impedindo que o receptor conheça outros temas e, conseqüentemente, venha a falar sobre eles. Desse modo, a seleção oferecida pelos meios midiáticos torna-se o único objeto comum da comunicação interpessoal, embora em suas agendas privadas as pessoas discutam temas não-impostos pela mídia. Para Vizeu (2002), a notícia constitui-se em um produto à venda, pois através do noticiado na mídia, o receptor “consome” e interage com o meio. Mas, a notícia é produto da linguagem em interação social. (Bakhtin, 2002) afirma que “todo texto se constrói por um debate com outros, (...) existe um dialogismo”. Através da interação entre os discursos individuais e sociais, é construída a identidade dos sujeitos.
Esse tema será analisado nos telejornais brasileiros da TV aberta, para decifrar esse dispositivo político, o telejornal, que fala, agenda a vida política do país, exerce monitoração, força de grupo de pressão e prescreve ações aos indivíduos.
JUSTIFICATIVA
As enunciações jornalísticas transformadas em mensagens não ficam restritas só ao campo do código visual ou lingüístico, mas transformam-se em discursos sociais, que serão reprodutores de ideologia, ou construtores da identidade dos indivíduos.
A proposta de analisar criticamente a agenda dos telejornais é