O Advogado - Henri Robert
Antigamente os advogados apresentavam seus argumentos defendendo uma causa com ênfase e grandiosidade. Abusavam da citações e faziam gestos. O juramento dos advogados de outros tempos era bem complicado, e sem dúvida violado. Eles juravam abandonar a causa tão logo percebessem que ela era má. E o regulamento continha disposições bizarras, como por exemplo: quando não houver vários advogados numa mesma causa, eles só deverão falar um após o outro. Havia Antoine Lemaistre, que falava tão bem que a corte e o povo abandonavam as igrejas e deixavam de parte renomados pregadores para ir ouvi-lo no Palácio da Justiça. Mais perto de nosso tempo, havia Waldeck-Rousseau, o renovador da eloquência judiciária, o grande debatedor. Antigamente a base da oralidade era longa, interminável; o tom era grandioso, os gestos amplos, frequentemente desordenados, a mímica expressiva demais, a voz aguda ou muito sonora, com respostas rápidas e sem pensar de modo exagerado. Hoje, entre as numerosas qualidades exigidas do orador, podemos pôr em relevância a simplicidade, a objetividade e a clareza. O advogado moderno conservou o traje da velha França - essa toga igualitária que usam veteranos e estagiários, homens e mulheres. Mas, embora tenha conservado a mesma vestimenta, o tipo modificou-se. Ele já não usa as suíças clássicas que em qualquer lugar identificam o homem de lei e podiam criar desagradáveis confusões com os serviçais da casa. O vínculo profissional desapareceu. O Advogado não discursa mais depois que saiu do tribunal. As anfitriãs podem, sem perigo, exibi-lo em sociedade. Isso quer dizer que o advogado tem menos autoridade que antes? Por certo que não!
É difícil imaginar o que pode ser atualmente a existência de um advogado atarefado. É ao mesmo tempo a melhor e a pior das coisas. A melhor porque não há profissão mais bela nem mais apaixonante. Sem dúvida não há estado em que, mais que na advocacia, um homem tenha a