N o há segredos

REFLEXÃO SOBRE O TEXTO “NÃO HÁ SEGREDOS” POR ANDRÉ RAGAZZI.

O texto “Não há segredos” de Peter Brook é um relato do processo de criação do espetáculo a “A Tempestade” de William Shakespeare.
Brook inicia narrando situações em que diversas pessoas o pediam para assistir seus ensaios, e as frustrações que tinha quando ele permitia, pois conclui que a permissão que ele concedia acabava por prejudicar tanto o seu trabalho quanto o dos atores. Ele cita a insistência das pessoas na pergunta “Qual é o segredo?”. Ele então esclarece que não há segredo algum. Em seu discurso ele conta sobre a escolha do texto; dos atores; dos exercícios em ensaio e sua importância; cenário; dos figurinos e das propostas.
Após ler o texto, pude concluir o que Peter quis dizer no início sobre a importância do ambiente de confiança e seguro que deve existir para que diretor e atores possam pesquisar e isso me remeteu ao que pensava Stanislavski a respeito da ética de grupo. Em determinada parte do texto ele defende a ideia de que é mais proveitoso deixar uma discussão intelectual sobre o texto para um segundo momento, pois acredita que o corpo e sua capacidade instintiva tenha mais potencial para embasar uma pesquisa. Além disso, ele pensa no diretor como o responsável por estimular a criação não por dar formas pronta.
Peter exemplifica o seu pensamento com trecho:
“Estou descrevendo esta experiência com um único aspecto uma produção -o cenário
- em detalhe, para mostrá-lo como metáfora clara dos outros aspectos. É o mesmo trabalho da tentativa e erro, procura, elaboração, rejeição e de acaso que faz a interpretação do ator tomar forma, que integra o trabalho dos músicos ou a iluminação num todo orgânico” e conclui dizendo que o diretor deve ter uma certa intuição poderosa, ainda que obscura, que indique a configuração básica, que indique o ponto em que a peça chama por ele. O que ele mais precisa desenvolver em seu trabalho é um sentido de audição. Não há segredos.