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“A hora da estrela” de Clarice Lispector é o ultimo romance e penúltimo livro publicado, em vida pela autora, no dia 26 de outubro de 1977. Foi escrito durante o período em que a autora sofria com um câncer. Um texto escrito num momento de estremo sofrimento e angustia, pois além da doença, um problema físico tão serio ainda tem-se um momento de tensão politica, com uma ditadura acuada, aja vista que seu fim era iminente e tentava-se uma prolongação da mesma a duras penas e enormes esforços. Este é um dos fatores que pode ter sido o que encorajou a autora a fazer criticas, mesmo que discretas e encobertas, a respeito das hierarquias sociais e a maneira como essas são na maior parte das vezes impostas por um capitalismo, que sustenta um sociedade que vive de aparências que sufocam a existência humana a ponto de nos sujeitarmos a condições cada vez menos compatíveis com nossa humanidade.
Ao fazer analise do texto pode-se perceber o repulsivo porem intimo sentimento expressado por Rodrigo S.M. (narrador da obra e heterônimo de Clarice Lispector) que alterna entre um raso afeto e um profundo desprezo pela personagem principal Macabea, fazendo apontamentos machistas que denigrem violentamente a imagem não só da personagem mas dos imigrantes nordestinos e mulheres de forma geral, ações comuns no tempo do militarismo. O fato de Clarice Lispector ter escolhido um homem como narrador nos subentende criticas implícitas à sociedade militar sufocante e repressora que e refletida na vida de Macabea. Uma sociedade que gera em cadeia a repressão, de maneira que aquele que é sufocado por um sufoca o outro e assim por diante, tendo no final pessoas como macabea que recebem toda essa repressão sem passa-la a mais ninguém, papel exercido por muitas mulheres neste período.