N Bobbio
Referência:
BOBBIO, N. (1988). Liberalismo e Democracia. 6ª ed. Trad. Marco Aurélio Nogueira. São Paulo: Brasiliense, 2000. 98 p.
A grande questão a ser respondida ou esclarecida no livro de Noberto Bobbio é a relação que democracia e liberalismo apresentam. O próprio autor aduz em seu capítulo de introdução que as relações entre eles é extremamente complexa, portanto conceitua: “(...) por “liberalismo” entende-se uma determinada concepção de Estado, na qual o Estado tem poderes e funções limitadas (…) por “democracia” entende-se uma das várias formas de governo, em particular aquelas em que o poder não está nas mãos de um só ou de poucos (...)”1. Portanto o livro tratará não apenas das diferenças entre os dois termos, mas seus pontos convergentes, suas particularidades em comum, e o desenrolar da fusão das duas concepções.
É preciso conceituar também o que se entende por neoliberalismo, pois este acabam por ora sendo confundido com o liberalismo, para o autor: “por neoliberalismo se entende hoje, principalmente, uma doutrina econômica consequente, da qual o liberalismo político é apenas um modo de realização, nem sempre necessário.”2 Por conta dessa confusão acabamos por achar que por vezes o liberalismo (e não o liberismo3) é por um todo uma ideologia incompatível e até danosa à democracia, aparecendo como seu principal rival, o que não é verdade como poderemos constatar em seguida.
“(...) A combinação entre liberalismo e democracia não apenas é possível, como também necessária.”4 Partindo da premissa que “ambos têm um ponto de partida em comum: o índivíduo”5, o individualismo do primeiro completa o do segundo, já que que “(...) hoje Estados liberais não seriam mais concebíveis, nem Estados democráticos que não fossem também liberais”6, embora “o indivíduo do primeiro não é o mesmo indivíduo da segunda”7, ou seja, no mundo moderno, um liberalismo só é possível de ser concebido num Estado democrático. Dizemos