Maternidade no contexto do HIV/AIDS
Esse artigo tinha como objetivo investigar, em mães primíparas portadoras do HIV/AIDS, percepções e sentimentos sobre maternidade, desenvolvimento do bebê e relação mãe-bebê, na gestação e no terceiro mês de vida do bebê. Participaram cinco mães soropositivas com idade entre 19 e 37 anos.
Houve os relatos das mãe entrevistadas de preocupação com a possível infecção do bebê, medo do preconceito e frustração pela não amamentação. Prevaleceram, entretanto, satisfações com a maternidade, com a interação mãe-bebê e com o desenvolvimento infantil. Os resultados revelaram que o HIV/AIDS não tem necessária- mente um impacto negativo para a maternidade e para a relação mãe-bebê, principalmente quando há presença de apoio familiar, relacionamento positivo com a figura materna e acesso o tratamento especializado.
Com o avanço da gestação, a mulher vai adqui-rindo um reconhecimento da criança como um ser indi-vidualizado. Isso é impulsionado pelas movimentações fetais e pelo conhecimento do sexo do bebê, que geral-mente vem acompanhado da escolha de seu nome (Raphael-Leff, 1997). A gestante passa a personificar ofeto, atribuindo-lhe temperamento e personalidade e oferecendo significados aos seus movimentos. Brazelton e Cramer (1992) afirmaram que essas expectativas e percepções constituem o bebê imaginário, que antecede e prepara o espaço do bebê real, só conhecido após o nascimento. Sentimentos relativos ao tratamento preventivo após o nascimento do bebê foram investigados por Rigoni et al. (2008). Constatou-se que a reação negativa do bebê à medicação pode gerar culpa na mãe e ambivalência quanto ao tratamento, embora geral-mente prevaleça sua realização correta. Já a recomen-dação de não amamentar tende a ser acompanhada de tristeza e frustração devido à impossibilidade de a mãe amamentar o seu bebê e pelo temor de que a relação com ele seja prejudicada do ponto de vista afetivo