I
- a passagem de um mundo bipolar a um mundo unipolar, sob hegemonia imperial norteamericana;
- a passagem de um ciclo longo expansivo do capitalismo a um ciclo longo de caráter recessivo;
- a passagem da hegemonia de um modelo regulador ¿ ou keynesiano ou de bem-estar social, como se queria chamá-lo ¿ a um modelo neoliberal, desregulador, de livre mercado.
O triunfo do bloco sob direção norteamericana levou, depois de muitas décadas, a um mundo unipolar, com uma hegemonia inquestionável de uma única superpotência e a derrota e desaparição da outra ¿ situação nunca antes vivida no mundo. Todo o papel de freio relativo à expansão imperial dos EUA deixou de existir, foram possíveis as guerras das duas últimas décadas ¿ algumas chamadas de ¿guerras humanitárias¿, violando a soberania de países, o que não acontecia desde o fim da primeira guerra mundial.
A irrupção de um mundo unipolar permite a apropriação militar e econômica pelo bloco ocidental e, em particular, pelos EUA, que puderam estender a economia de mercado a territórios insuspeitados como a China, a Rússia e os países do leste europeu. Permitiu incorporar à União Européia e à Otan a países antes membros do Pacto de Varsóvia. Configura-se assim um sistema mundial único, nos planos econômico, político e militar, sob direção norteamericana. Um único império mundial, mesmo se com contradições e disputas internas, reina no mundo. As guerras se dão desse bloco dominante contra zonas de resistência à sua dominação ¿ Iugoslávia, Iraque, Afeganistão.
A passagem do ciclo longo expansivo ¿ o de maior desenvolvimento capitalista, que Eric Hobsbawn caracterizou como a ¿era de ouro¿ desse sistema ¿ ao ciclo longo recessivo tem repercussões importantes. Aquela ciclo teve a convergência dos três vetores fundamentais da economia mundial ¿ os EUA (com a Alemanha e o Japão crescendo ao mesmo tempo que os EUA,