E a história continua
ZIZEK, Slavoj. Primeiro como tragédia, depois como farsa. 1ª Edição.Tradução Maria Beatriz de Medina. São Paulo: Boitempo, 2011.
E a história continua
O filósofo e psicanalista Slavoj Zizek é um intelectual esloveno que está na vanguarda do pensamento de esquerda na contemporaneidade. Sua obra “Primeiro como tragédia, depois como farsa” é uma boa síntese a cerca de seu contundente e inquietante pensamento político.
A obra de Zizek é, em sua estruturação epistemológica, ampla e complexa passeia com facilidade por vários pensadores, em especial, Lacan, Hegel, Bardiou, Marx. Essa sua característica torna árdua a tarefa de escolher e/ou encontrar um ponto de partida para refletir sobre ela.
Para começar a desfiar este intrincado novelo, a sentença hegeliana retomada pelo estadunidense Francis Fukuyama: “fim da história”, parece ser um bom começo.
Com a queda do muro de Berlim e o consequente colapso do socialismo, Fukuyama anunciou o “fim da história”. Para Hegel o “fim da história” seria um momento de estabilidade ideológica em que uma ideologia superaria as outras. Fukuyama identificou este momento na queda do muro com a “vitória” do liberalismo sobre o socialismo, da direita sobre a esquerda.
Doze anos antes do 11 de Setembro, em 9 de novembro de 1989, o Muro de Berlim caiu. Esse evento parecia anunciar o início dos “felizes anos 90”, a utopia do “fim da história” de Francis Fukuyama, a crença de que a democracia liberal, em princípio, vencera, de que o surgimento de uma comunidade liberal global estava logo ali na esquina e os obstáculos a esse final feliz hollywoodiano eram apenas empíricos e contingentes. (ZIZEK, 2011, p. 17)
O capitalismo, o liberalismo e a democracia trariam uma estabilidade ideológica refutando a necessidade de mudanças se estabelecendo como a ideologia dominante inquestionável por ser a forma de organização humana se não ideal, a mais próxima disso.
Zizek questiona o posicionamento de Fukuyama, para ele, ainda