CPI e o Brasil
O país foi, mais uma vez, sacudido por um escândalo de corrupção, suborno e contravenção. Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, construiu um império econômico, que começou com o jogo do bicho, passou pelas máquinas caça-níqueis e culminou em nexos com empreiteiras, tradicionais licitantes de obras públicas. O esquema mafioso – que nasceu modesto no interior de Goiás e alastrou-se por vários estados da federação – contava com uma formidável relação empresarial e estreitos vínculos no meio político e mesmo na imprensa. A Polícia Federal – baseada em longa investigação, que envolveu grampos legalmente autorizados – apontou relações nada republicanas entre Cachoeira e os principais políticos de Goiás, entre os quais o governador Marconi Perillo (PSDB) e o senador Demóstenes Torres (ex-DEM). Havia também ligações com deputados como Jovair Arantes (PTB), Rubens Otoni (PT), dentre outros. O Senador Demóstenes Torres, pelas gravações já expostas, mantinha relações criminosas com o bicheiro, o que é espantoso, pois se comportava como o arauto máximo da virtude pública. As fortíssimas suspeitas contra o governador de Goiás, Marconi Perillo, já geraram a demissão de sua chefe de gabinete. O governador do Distrito Federal, Agnelo Queirós (PT) também é suspeito de relações poucos saudáveis com Carlinhos Cachoeira. A revista Veja é acusada de plantar notas de interesse do bicheiro em troca informações sobre o submundo da política.
Como se pode ver, as acusações recaem tanto sobre membros de partidos da oposição como da base do governo. Os peixes grandes são, no entanto, destacados membros da oposição, que passara anos sem falar outra coisa senão de corrupção. Antes que apelemos para visões simplórias, tais como “os políticos são todos ladrões” ou o “Brasil não tem jeito”, etc, cabe notar um aspecto relevante. Escândalos como esses, se acontecessem na ditadura, nem eu, nem você, caro leitor, saberíamos. Sim, a corrupção é imensa, mas a luta contra ela