A ética e a vida
O direito do paciente terminal em recusar tratamentos paliativos, que só irão prolongar uma vida condenada pela enfermidade reacendeu o debate sobre a ética da vida. A palavra de ordem é ortotanásia. Bioética é o estudo transdisciplinar entre Ciências Biológicas, Ciências da Saúde, Filosofia(Ética) e Direito (Biodireito) que investiga as condições necessárias para uma administração responsável da Vida Humana, animal e responsabilidade ambiental. Considera, portanto, questões onde não existe consenso moral como a fertilização in vitro, o aborto, aclonagem, a eutanásia, os transgênicos e as pesquisas com células tronco, bem como a responsabilidade moral de cientistas em suas pesquisas e suas aplicações. Na verdade, a chamada bioética, que até há pouco tempo era tida como um terreno exclusivo dos médicos, mostrou-se mais ampla e interdisciplinar do que se julgava. Igualmente, os advogados entraram na questão, trazendo argumentos do biodireito, para opinar e criar foros privilegiados de debate. Em ambos segmentos, constata-se uma ética setorizada, deontológica, como uma “ética profissional”, nem sempre universal, nem sempre desinteressadamente ética.
De uns vinte anos para cá, a bioética ganhou status de disciplina, perdendo espaços restritos para ganhar o âmbito do interesse social, de cuja mesa participam médicos, cientistas, biólogos, filósofos, sociólogos, teólogos, antropólogos, advogados, jornalistas e outros profissionais. A Igreja, e não apenas a católica, mas todo o conjunto cristão, é vista como “especialista em humanidade”, ganhando assento privilegiado nesse debate sobre a vida humana. Se de um lado a eutanásia (no grego, eú, boa + thánatos, morte) é vista como um homicídio ou um suicídio assistido, de outro, a ortotanásia é sinônimo, pois como a anterior, trata-se de “morrer bem”, rapidamente, sem sofrimentos, higienicamente. Não era esta a prática de J. Kevorkian, o “doutor morte”? O ato de promover a morte antecipada, por motivo de