A ética a nicomaco
Busca-se caracterizar uma compreensão do sentido de justiça enquanto virtude estritamente humana mediante análise interpretativa da obra mencionada. A questão acerca da justiça em Aristóteles se mostra implicada a questão da virtude (a©reth/).
Isto significa que justiça é virtude. O ponto de semelhança entre virtude e justiça se evidencia mediante a noção de disposição de caráter. Porém, uma diferença se apresenta evidente quando da noção de justiça enquanto aquilo que se caracteriza no fazer prático e que implica a realização do bem (a)gato¿n), estritamente humano. Isto torna a justiça um bem meramente humano. O desdobramento disso condiciona a aproximação do referido termo com o conceito de sabedoria prática (fro¿nhsij). Esta implicação revela o aspecto flexível do termo, enquanto norma que caracteriza o que é justo nas ações práticas. Isto posto, a justiça se mostra enquanto absoluto, porém, enquanto aquilo que se caracteriza no âmbito da possibilidade humana.
Palavras-chave: Justiça. Virtude. Sabedoria prática. Aristóteles. Ética a Nicômaco
O presente texto caracteriza uma abordagem do conceito de justiça
(dikaiosu/nh) no âmbito do livro V da obra Ética a Nicômaco de Aristóteles. Deste modo, faz-se necessário algumas considerações relativas à forma de abordagem do referido conceito a fim de dirimir possíveis confusões que, já a partir do título, possam acontecer. Ao se falar da justiça a partir de uma abordagem hermenêutica não se quer aqui evidenciar uma implicação da gênese da hermenêutica e o seu desenvolvimento respectivo, com os fundamentos da justiça em Aristóteles, ou seja, relacionar duas áreas específicas. Trata-se apenas de delimitar o modo de abordagem do conceito de justiça, isto é, o sentido hermenêutico aparece implícito à interpretação evidenciada acerca do conceito mencionado. Deve-se ressaltar ainda que o texto configura uma
leitura