A ética em lévinas
Emmanuel Lévinas nasceu em Kovno, Lituânia, em 1906. Faleceu em Paris, em 25 de dezembro de 1995. Seu trabalho filosófico busca indagar a filosofia do ser, que não contempla o rosto concreto de outra pessoa, e levantar o questionamento ético, base das relações interpessoais. Foi influenciado por Maurice Blondel, nas análises do tempo; pela fenomenologia, nela destacando Martin Heidegger; pelos escreitores russos e pelo judaísmo, na figura do outro excluído: o órfão, a viúva e o estrangeiro. Autor de inúmeras obras como: Totalidade e infinito, Ética e infinito, Humanismo do outro homem, entre nós: ensaios sobre alteridade, Da existência ao existente etc. Durante a II Guerra Mundial, foi prisioneiro de um campo de concentração, na condição de judeu naturalizado que servia ao exército francês, tendo quase toda a sua família assassinada. Desde então, a incapacidade de reconhecer e respeitar o outro homem moveu sua filosofia.
1 LEVINAS: ÉTICA E ALTERIDADE
Para Lévinas, a tese que sustenta a história humana, pautada na violência, assassinato e guerra, é a totalização. Nela os indivíduos únicos, singulares, não contam, não têm valor, porque há uma lógica maior que os envolve, as finalidades do sistema e a totalidade os reduzem “portadores de uma forma que os comanda sem eles saberem” (LEVINAS, 1980, P. 10). O outro, pessoa de carne e osso, é pulverizado diante da totalidade. O que é a morte de um homem diante do objetivo proposto por uma nação, grupo ou mesmo em nome dos maiores ideais da humanidade: justiça, liberdade, democracia? O todo pulveriza o indivíduo, de modo que a história legitima o assassinato, e um fim incerto proposto para um futuro distante avaliza o cadáver, rosto único de uma vida insubstituível.
A totalidade marca a história do ser. O ser existe, totalizando-se. Busca manter-se e expandir-se e, para tanto, engloba, alimenta seu ser impessoal através do outro, de seres reais, concretos, sacrificados para sua subsistência.