A Voz e o Genero na Era Medieval
Necessária para o alcance de objetivos, defesa de julgamentos e peça-chave para a evolução da espécie, a voz sempre foi inata aos dois gêneros, mas o direito de exercer “o dizer” seguiu caminhos diferentes em se tratando de homens e mulheres. Em meados do ano 100 d.C. mulheres eram expressamente proibidas de cantar na frente do público e os homens que estavam à frente da Igreja alegavam que tal atitude não era bíblica. A música sacra era cantada por levitas, homens. Na era medieval, a mulher e a voz eram consideradas opostas e, como vassalos, serviam discretamente aos suseranos. Os sentimentos femininos ficavam por conta da imaginação de jograis, trovadores e segréis – vozes masculinas que interpretavam pretensamente emoções e anseios femininos com as comuns cantigas de amigo. Desse canto emergia um eu lírico feminino saudoso e apaixonado por seu amado distante. Usava-se da cantiga de escárnio e maldizer para, também, tornar nefasto a participação da mulher no meio social. Elas não existiam para serem ouvidas, existiam apenas para completar o pano de fundo da vida masculina e para saciar seus desejos e suprir suas necessidades, onde a reprodução era seu papel primordial para dar continuidade ao poder social desempenhado pelos nascituros cujo sexo ansiado seria, supostamente, o masculino. Para realizar esta pesquisa e adquirir o material necessário de estudo, foi usado o método de análise histórica do período Medieval, comparando a participação da mulher hoje, na sociedade contemporânea ocidental, com a contribuição na sociedade feudal. Como resultado obtido, é notável a desigualdade de gênero, advinda de uma cultura secular de segregação do sexo feminino, por diversos setores e instituições, inclusive a Igreja, justificando a falta de representatividade e poder destinado às mulheres. Assim, são possíveis os caminhos para conceder a gênese histórica do problema e alcançar o objetivo de equidade dos sexos.