A vida em um ano
A vida é o fio que corre entre eu e o outro. É a tênue ligação entre o que sou e o que não sou. Entre o que acho que sou e o que acho que o outro é. Entre o que penso que o outro pensa de mim, e o que penso que o outro pensa sobre o que penso dele. É um jogo de hetero e autoimagens.
“Que insensato eu fui! Como me esforcei para forçar todas as coisas a harmonizarem-se com o que eu pensava que devia ser...” *
Aprendi que as pessoas mais difíceis de lidar vivem ao nosso lado. Sempre me frustro, me decepciono com pessoas da família, ou amigas, ou colegas de trabalho. Mas frustração tem a ver com o que esperamos do outro, com a imagem que temos das pessoas que, uma vez confrontada com a realidade, provoca uma desilusão. Frustração é o sentimento que advém quando a ilusão se desfaz. Se me frustro constantemente com alguém, é porque me iludo com vários aspectos da pessoa em questão. Projeções... Sinal de que espero demais dela. Mas então não devo esperar nada de alguém? Talvez não, pois talvez nunca saiba exatamente quem é o outro e quem sou eu num determinado momento. Isso evita frustrações... E projeções...
“Erros são, no final das contas, fundamentos da verdade. Se um homem não sabe o que uma coisa é, já é um avanço do conhecimento saber o que ela não é.” *
Mas há também a frustração positiva, quando a imagem negativa que tenho de alguém não se sustenta na realidade. Aprendi durante todo o ano passado que isso também pode ocorrer muito comigo. Então tenho frustração (negativa) comigo mesmo. Reajo de certa maneira defensiva a certas pessoas porque tenho uma imagem distorcida delas. E aí me envergonho, me culpo, me decepciono comigo mesmo, pois esperava estar certo. Tinha a convicção de estar totalmente correto em como reagia. E se não erro no tipo de qualidade que projeto em alguém, erro na intensidade com que o faço. No fim é a mesma coisa, o efeito é o mesmo, ou quase o mesmo.
“Quem olha para fora, sonha. Quem olha para dentro, desperta.” *