A Ultima Razão dos Reis - A Morte em D. Juan
A Ultima Razão dos Reis - A Morte em D. Juan
No segundo capítulo intitulado “A Morte de D. Juan”, da obra A Ultima Razão dos Reis, de Renato Janine Ribeiro, o autor começa falando sobre como foi estranha a mudança na figura de D. Juan, e o quanto essa figura foi mal notada. Diz que hoje, nós só o enxergamos como um “eterno conquistador”. E deve-se considerar a diferença entre D. Juan e o Casanova. Pois diferente de D. Juan, Casanova existiu, e também era um mulherengo. E que as eventuais confusões podem estar no fato de que Casanova participou do processo de escrita de Don Giovanni, ópera de Mozart. Mas nos séculos que a história de D. Juan esteve em alta, isso por volta dos séculos XVII, XVIII e parte do XIX, D. Juan possuía duas características marcantes. Uma a característica de sedutor, a única que sobreviveu até hoje, e a outra característica que era a pior, “era a do homem que desafia a separação entre os vivos e os mortos, o do sacrilégio, portanto, do ateu.” (pag. 39). Sim, D. Juan era ateu, característica esquecida com o tempo, ficando só a do homem amoral e conquistador. “Na época é verdade, o ateu confundia-se com o amoral – melhor dizendo entendia-se que o ateísmo fundava a amoralidade. Por isso se tirarmos do sedutor o desafio a deus, o que resta é pouco.” Janine Ribeiro continua dizendo que não poderia se diferente, que o mito de D. Juan só poderia se um mito católico, evidenciado pela “ligação que o personagem faz entre o mundo dos vivos e dos mortos” (pag. 39), por toda a sua sedução sexual e sua zombaria à morte. D. Juan não poderia ser um mito protestante, devido ao seu “paganismo sexual e a religião que ele presume” (pág. 40), mas o que realmente prova D. Juan se um mito católico era o purgatório, que trata sobre o trânsito entre os vivos e os mortos. Segundo a visão cristã, os mortos não tem mais vida moral, ela só existe aos vivos, cabendo somente a quem está vivo, abreviar a passagem do morto pelo purgatório, numa