A controvércia de valladolid (texto)
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A controvérsia de Valladolid: debate acerca da guerra justa e a escravização dos índiosRenata Andrade Gomes
Professora Universitária. Mestre em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC MINAS. Professora Orientadora do IEC - Instituto de Educação Continuada da PUC MINAS A CONTROVÉRSIA DE VALLADOLID A conquista espanhola
No ano de 1550, o Imperador espanhol Carlos V convocou uma junta de quatorze notáveis teólogos, que se reuniu na cidade espanhola de Valladolid, nos anos 1550 e 1551, com o encargo de decidir se era justa a conquista espanhola do Novo Mundo.
Neste debate foi colocada em pauta a própria política colonial espanhola, iniciada com os reis católicos Isabel de Castela e Fernando de Aragão, que objetivavam expandir as fronteiras de seu império e as da Igreja Católica.
Os Reis espanhóis haviam recebido do então Papa Alexandre VI, através da Bula Inter Coetera a posse das novas terras. Em troca, levariam a fé cristã aos povos recém descobertos. Com esse título, a Coroa espanhola justificou seu domínio sobre as Índias ante os demais Estados Europeus, não encontrando oposição durante as primeiras décadas da conquista.
Nos primórdios da invasão, a Rainha Isabel proibiu a escravização dos nativos. Contudo, os primeiros conquistadores submeteram os índios a trabalhos forçados e a tratamento cruel e degradante. Diversos foram os relatos que chegaram à Corte sobre os maus tratos infligidos aos nativos:
Os espanhóis, com seus cavalos, suas espadas e lanças começaram a praticar crueldades estranhas; entravam nas vilas, burgos e aldeias, não poupando nem as crianças e os homens velhos, nem as mulheres grávidas e parturientes e lhes abriam o ventre e as faziam em pedaços como se estivessem golpeando cordeiros fechados em seu redil. Faziam apostas sobre quem, de um só golpe de espada, fenderia e abriria um homem pela metade, ou quem, mais habilmente e mais destramente, de um só golpe lhe cortaria a cabeça, ou ainda sobre quem