A toyota e o bolo da vovó
José Vicente Bandeira de Mello Cordeiro
Nos últimos 10 anos, Produção Enxuta (PE) e Sistema Toyota de Produção (STP) têm sido as expressões mais utilizadas nos meios ligados à gestão de operações produtivas das empresas ocidentais. Os gestores de operações nas empresas brasileiras não fogem a regra: livros sobre Mapeamento do Fluxo de Valor (Value Stream Mapping - VSM) batem recordes de vendas, seminários de Manufatura Enxuta atraem grandes platéias e empresas de consultoria faturam alto implementando layouts celulares, kanbans e outras ferramentas da produção enxuta. Com todo este ‘hype’, seria de esperar que os resultados das áreas de operações dessas empresas estivessem melhorando de forma consistente e produzindo retornos cada vez maiores para seus acionistas e controladores. Entretanto, temos neste ponto um grande paradoxo: apesar do modismo, a grande maioria das empresas ocidentais que adota as ferramentas da PE, mesmo com uma sensível melhoria inicial, continua apresentando desempenhos medíocres, tanto em sua área de produção quanto no que se refere aos resultados financeiros. O caso da GM é exemplar. A joint-venture NUMMI – New United Motors Manufacturing, primeira parceria da Toyota (com a GM) voltada para a difusão da PE nos EUA, já está no final de sua adolescência e mesmo assim a GM americana conseguiu acumular uma série incrível de prejuízos na última década, enquanto a Toyota batia recordes sucessivos de lucratividade e rentabilidade em suas operações americana e mundial. Nos últimos dias, Barack Obama afirmou que a melhor solução para a GM era a concordata. Que ‘grand finale’ para uma empresa que vem se empenhando como poucas na adoção dos princípios que fizeram da Toyota o melhor fabricante de automóveis do mundo, não acham? É óbvio que a atual crise financeira também atingiu a Toyota (que teve seu primeiro prejuízo em décadas), e também é óbvio que a crise não é apenas financeira. Para Mintzberg, trata-se de uma