A terceira margem
Teresinha V. Zimbrão da Silva∗
Resumo:
No presente trabalho, pretendemos estabelecer relações entre as idéias que C. G. Jung defende no texto, As Etapas da Vida Humana e as idéias que Platão defende no Mito da Caverna, capítulo da República, a fim de analisar o conto A Terceira Margem do Rio de Guimarães Rosa.
Palavras-chave: Literatura Brasileira; Psicologia Junguiana; Crítica e Interpretação.
Abstract:
In this work we confront C. G. Jung ideas in As Etapas da Vida Humana with Platão ideas in The Cave Myth
(República), in order to analyze the short story A Terceira Margem do Rio, by Guimarães Rosa.
Key words: Brazilian Literature; Junguian Psychology; Criticism and Interpretation.
I. JUNG E PLATÃO:
De manhã, o sol se eleva do mar noturno do inconsciente e olha para a vastidão do mundo colorido que se torna tanto mais amplo, quanto mais ele ascende no firmamento. O sol descobrirá... que seu objetivo supremo está em alcançar a maior altura possível e, conseqüentemente, a mais ampla disseminação possível de suas bênçãos sobre a terra. Precisamente ao meio-dia, o sol começa a declinar e este declínio significa uma inversão de todos os valores e ideais cultivados durante a manhã. O sol torna-se, então, contraditório consigo mesmo. É como se recolhesse dentro de si seus próprios raios, em vez de emiti-los. A luz e o calor diminuem e por fim se extinguem.
C. G. Jung
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Professora-Adjunta de Literatura Brasileira e do Mestrado em Teoria da Literatura da UFJF.
Para Jung, o desenvolvimento psicológico humano pode ser compreendido em duas partes: primeira metade da vida e segunda.
Na primeira, o ego separa-se do self, cresce e se desenvolve, seguindo um movimento para fora do inconsciente, em direção ao mundo externo. Aos poucos, o ego vai adquirindo competência para exercer o autodomínio diante dos padrões culturais de comportamento: desenvolve, portanto, uma persona. Nesta primeira fase, a pessoa deve ser capaz