a terceira margem do rio
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AS MARGENS DO DEVANEIO:
UMA ANÁLISE DO CONTO
“A TERCEIRA MARGEM DO RIO”,
DE JOÃO GUIMARÃES ROSA
Andréa de Morais Costa BUHLER1
RESUMO
O presente artigo se a propõe analisar o conto “A terceira margem do rio” de João Guimarães Rosa, tendo em vista a poesis do devaneio desenvolvido por Gaston Bachelard. No conto, a imagem do rio, representada em suas três margens através das águas que se projetam, aparece como o grande símbolo da universalidade.
Trata-se da epifania de um mistério que revelando estados de uma alma em devaneio, tece arte e vida numa conjunção de integralidade, força e beleza.
PALAVRAS-CHAVE: Guimarães Rosa, imagem, rio, devaneio, símbolo, universalidade.
ABSTRACT
The present article proposes to analyze the short story “The third Bank of River” written by Guimarães Rosa, having in sight the day-dreaming poetry developed by Gaston Bachelard. In the short story the image of the river representing its three banks through the water which are projected appears as a great symbol of universality. It is about the epiphany of a mystery which eveals the state of a day-dreaming soul, weaves art and life in a conjunction of integrality, force and beauty.
KEYWORDS: Guimarães Rosa, image, river, day-dream, symbol, universality.
A poética rosiana é aquela cuja força imaginante abre-se em dois sentidos: no sentido do aprofundamento e no sentido do devaneio. No que se refere ao aprofundamento, ela escava o fundo do ser e aparece em sua insondabilidade, em seu mistério. No sentido do devaneio, surge como força inexaurível, como milagre. Pretendemos, pois, desenvolver a análise do conto “A terceira margem do rio” de Guimarães Rosa, a partir das compreensões da poesis do devaneio desenvolvida por Gaston Bachelard.
“A terceira margem do rio” é uma bela representação das interfaces entre a arte e a vida, em que uma e outra se nutrem, se confundem, se misturam e se fundem