A TECNICA de HEIDEGGER
Há algum tempo, a técnica, encarnada tanto no homem quanto na máquina, é o signo atual de nossa relação com o mundo e o modo como a sociedade contemporânea se articula.
Heidegger nos ajuda a esclarecer com o que estamos comprometidos na era da técnica maquinística e os desafios que devemos enfrentar e vencer, se quisermos estabelecer uma nova relação com esse fenômeno. Para ele, tecnologia é o título que conferimos ao ente quando este é perpassado não pela técnica, mas sim por sua essência – e não qualquer uma, mas a que se encontra vigente em nosso tempo. A tecnologia seria uma forma de revelação da existência, um princípio de construção do mundo em determinadas condições – ela é formadora de uma época, expressa um modo de ser do mundo pois é a correspondência entre um processo de posicionamento da realidade e uma forma de pensamento. Heidegger não foi um filósofo da técnica, simplesmente. Seu projeto foi o de pensar acerca do problema, ou questão, da técnica. O principal ponto a ser descoberto é o que a técnica coloca para o futuro do ser humano, pensada para além da forma e do sentido como esse ser foi definido no Ocidente. Ao analisarmos bem, a técnica em si mesma não nos coloca nenhuma questão espiritual: ela opera ou não opera, funciona ou não funciona. Heidegger rejeita a visão de que o domínio da realidade pela técnica seja a causa para nossa situação histórica atual. A estrutura e o sentido da técnica moderna são perdidos se tentarmos suprimir seu lado ruim e ficarmos apenas com seu lado bom. O pensamento heideggeriano trata a técnica como o sentido de uma nova época para o ser humano, mas que não está ao alcance de sua vontade,controle ou consciência. Um dos pontos principais desse estado de coisas é o fato de que a tecnologia moderna se sobrepõe cada vez mais à ontologia tradicional. A tecnologia é um modo de pensar (o ser) planetário, que serve à armação (Gestell) de uma nova ordem humana – ordem esta que