Heidegger e a Questão da Técnica
-A circularidade do consumo pelo consumo é o único procedimento que caracteriza distintivamente a história de um mundo que se tornou um não-mundo.
-O mundo surge agora como um objecto aberto aos ataques do pensamento calculista (...). A natureza torna-se uma bomba de gasolina gigante, uma fonte de energia para a tecnologia e a indústria moderna.
-A cada hora e a cada dia estão presos à rádio e à televisão. O cinema transporta-os semanalmente para os domínios invulgares, frequentemente apenas vulgares, da representação que simula um mundo que não o é. (...) Tudo aquilo com que, hora a hora, os meios de informação actuais excitam, surpreendem, estimulam a imaginação do Homem, tudo isso está hoje mais próximo do Homem do que o próprio campo à volta da quinta, do que o céu sobre a terra, do que o passar das horas do dia e da noite, do que os usos e costumes da aldeia, do que a herança do mundo da terra natal.
Martin Heidegger desejava abolir o consumismo, a exploração da terra e os meios de comunicação de massas e, voltar aos tempos antigos, dos camponeses.
Os ecologistas viram neste ataque ao consumismo e ao poder nivelador da comunicação social, bem como nalgumas banalidades antitecnológicas, motivos suficientes para aproximar a ecologia profunda ou o ambientalismo radical das filosofias da natureza e da técnica elaboradas pelo último Heidegger, sem se darem conta de que, segundo este filósofo, o discurso da perda e da destruição é também tecnológico. A este propósito Heidegger é peremptório: -(Todas as tentativas de reconhecer a realidade existente (...) em termos de declínio e perda, em termos de fatalidade, catástrofe e destruição, é mero comportamento tecnológico. (...) A concepção instrumental da tecnologia condiciona todas as tentativas de conduzir o homem à relação correcta com a tecnologia. (...) O desejo de domínio torna-se tanto mais urgente quanto mais a tecnologia ameaça escapar ao controlo humano.)(Nenhum homem