A subjetividade roubada
Maria Santana de Sousa Andrade Silva*
1 INTRODUÇÃO
Ao longo de diferentes momentos históricos, o corpo, as sensações e os sentimentos têm se configurado como instâncias fundamentais para a compreensão da dimensão subjetiva dos indivíduos. Na contemporaneidade, o corpo cada vez mais ocupa um lugar relevante no cotidiano das relações sociais, ocupando um lugar de destaque na indústria cultural, seja da moda, cinematográfica, publicitária ou literária. Toda sociedade, em qualquer época, constrói seus padrões e modelos em volta da questão da beleza e, apesar de seu caráter subjetivo, muitas pessoas buscam encaixar-se na forma humana da atualidade. Para a minha avó, bonita era a mulher gorda, com formas arredondadas. Quando ela nos elogiava não sabíamos se ficávamos ou não felizes, pois sua visão de belo associava ao saudável e revelava-se nos quilos a mais que a mulher apresentava. Configura-se atualmente, um cenário bastante contraditório, Por um lado, nos deparamos com a supervalorização da magreza como padrão de beleza. Um ideal difícil de ser alcançado, mas que passou a ser valorizado e perseguido por um número cada vez maior de pessoas, sobretudo por sua associação com atratividade sexual, sucesso, competência e felicidade, e por outro convivemos com uma grande variedade de alimentos, especialmente dos industrializados, de altíssimo valor calórico. No intuito de seguir esse padrão de beleza tido como ideal, propagado pela mídia, inúmeros são os casos de adoecimento do indivíduo, como o de compulsão, obesidade,
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Especializanda em Psicologia e Práticas de Saúde/UNIFOR, Psicóloga/FACID, Bacharel em Filosofia/FACIBA, Tanatóloga/CTAN, Especialista em Docência do Ensino Superior/FAP. E-mail: msantana_sas@hotmail.com.
anorexia, culpa, consumo desesperado de medicamentos, entre muitos outros, que podem ser relacionados com estes ideais de corpos. Com isso, podemos dizer que os valores e significados sócio-culturais que emergem