A sociologia do Brasil Urbano
1 - RESUMO
A Sociologia do Brasil Urbano tem por objetivo desvendar a complexidade do mundo urbano em seus diferentes aspectos. Anthony e
Elizabeth Leeds, apoiados em dados obtidos em longos períodos de trabalho de campo no Rio de Janeiro, em conjugação, algumas vezes, com dados e informações obtidos em outras cidades brasileiras e em outros países da América do Sul, dedicam-se a analisar uma ampla gama de questões que vão desde a experiência, visão de mundo e arranjos de vida alternativos de moradores de “áreas invadidas” no Rio de Janeiro, Lima e
Santiago, até as relações entre carreiras e estrutura social no Brasil, focalizadas a partir do estudo de redes de relações interpessoais e grupos de poder. No capítulo I, o casal americano Anthony Leeds e Elizabeth
Leeds, apresenta o que distingue a favela de outros locais de moradia é, sobretudo, a natureza da ocupação. Invasão de “terra alheia”, apropriação
“indevida” de vazios urbanos, a favela constitui-se numa forma “ilegal” de ocupação do solo já que esta, de um modo geral, não se baseia nem na propriedade da terra, nem em seu aluguel aos proprietários legais. Segundo os autores americanos, a favela do Brasil e, mais geralmente, as áreas invadidas por posseiros em qualquer lugar do mundo são mencionadas como um “problema” de modo análogo aos “problemas” dos “guetos urbanos” das áreas pobres, dos “imigrantes rurais”, de “marginalização”, das minorias étnicas, e da “cultura da pobreza”, tão frequentemente encontrados nas mentes e falas dos povos em questão por todo o mundo.
Essencialmente, tudo isso se refere a aspectos diferentes do mesmo problema – a proletarização.
O capítulo II rejeita o isolamento conceitual ou substantivo da
“comunidade”, vendo em vez disso recursos de poder possuídos por uma variedade de nós organizacionais sociais, alguns localizados, outros não. A natureza social dos próprios recursos é