Das transformações no campo às da sociologia rural
Se outrora as paisagens do “rural” e do “urbano” estavam nitidamente separadas geográfica, econômica e culturalmente, com o recrudescimento do processo de industrialização e expansão dos centros urbanos (e, obviamente, com a disseminação de uma cultura urbana do ponto de vista das necessidades materiais) houve uma interposição desses dois universos.
Consequentemente, houve também uma descaracterização do tipo ideal da vida e da sociedade rurais. Dessa forma, considerando-se a Sociologia Geral como a ciência que se dedica à compreensão dos fenômenos sociais frutos das relações humanas – entre os homens e destes com o meio – erigidas numa determinada sociedade e, que a Sociologia Rural se debruçaria sob os fenômenos sociais intrínsecos ao campo, como esta última, enquanto perspectiva sociológica, teria sobrevivido às mudanças de seu objeto de estudo? Em outras palavras, teria a Sociologia Rural desaparecido diante do desbotamento da especificidade do mundo rural?
A Sociologia Rural, como a Sociologia Geral, nasceu de um momento de crise, com a preocupação de ter como problema sociológico fenômenos sociais do campo e, mais precisamente, problemas sociais, como êxodo rural, mudanças nas relações de trabalho, e a disseminação de uma cultura citadina, urbana. O caráter dessas mudanças é indiscutível, e está no bojo dos acontecimentos que fundamentaram o recrudescimento do processo capitalista de produção.
Entre uma produção propriamente teórica com a preocupação de apenas produzir e acumular conhecimento, e uma outra, pautada por um engajamento, enquanto pesquisa aplicada para ações efetivas, é possível afirmar ter prevalecido esta última na gênese da Sociologia Rural. Saber as condições precárias da vida do homem do campo e, de uma certa forma, todas as outras influências do ponto de vista cultural desse indivíduo, foi o que parece ter motivado trabalhos como o de Antonio Candido, em Os parceiros do Rio Bonito, e de