A Sociedade do Trabalho Eletronicamente Artesanal

A Sociedade do Trabalho Eletronicamente Artesanal
Luís Freire
Você entendeu o título acima? Enquanto a maioria das pessoas fala em uma sociedade do conhecimento, ou da informação, esse título mistura artesanato com eletrônica. Será que ele está na contra-mão da história?
Nosso tema é o trabalho humano. E, para analisar esse tema existem diversas formas. Numa delas, a análise pode tomar como parâmetro o grau de autonomia do indivíduo na realização de suas atividades, estabelecendo um continuum cujos extremos indicariam: 

Trabalho heterônomo: trabalho realizado “para alguém”, com regras e condições por este impostas. O ‘que’, o ‘porque’ e o ‘como’ do trabalho a ser desenvolvido é decidido por terceiros, à revelia dos interesses daquele que trabalha. Exemplo: trabalho escravo.

Na atualidade, esse tipo de trabalho pode ser representado pelo que conhecemos como “emprego”, ou trabalho assalariado, regulamentado por leis para evitar quer o trabalhador fique totalmente a mercê daquele que o emprega, como os escravos ficavam. A palavra emprego vem do verbo empregar, que em sua base significa “aquilo que você usa” para fazer alguma coisa. Ou seja, se você tem um emprego, isso significa, literalmente, que você é um instrumento útil para que alguém possa realizar um objetivo que a ele interessa.
Nesse tipo de trabalho, a pessoa “vende” sua força de trabalho para qualquer atividade, como uma “utilidade”, valorizando mais o vínculo que a atividade exercida. A sensação de segurança pessoal vem “de fora”, do amparo e imposições legais ao vínculo empregatício, existindo pouco comprometimento do trabalhador com uma atividade que o identifique e o faça feliz. O resultado é pouco desenvolvimento e satisfação pessoal, que então seria buscado em outro campo, não no trabalho. Ou, pior, como freqüentemente acontece, não ocorreria.


Trabalho autônomo: trabalho realizado “para si mesmo”; regras e condições autoimpostas. O ‘que’, o ‘porque’ e o ‘como’ do trabalho a ser desenvolvido é