Antropólogo, ensaísta, romancista e político, Darcy Ribeiro nasceu em Montes Claros, MG, em 1922. É autor de, entre outros, O processo civilizatório (1968), Os índios e a civilização (1970), Maíra (1976), O mulo (1981), Utopia selvagem (1982) e Migo (1988). Darcy se propôs a escrever esse livro na tentativa de responder a pergunta: por que o Brasil não deu certo? Mas viu logo, porém que essa era uma tarefa impossível, pois só havia o testemunho dos conquistadores. E, sobretudo porque nos faltava uma teoria crítica que tornasse explicável o mundo ibérico de que saímos mesclados com índios e negros. Então, buscou a tarefa de produzir seus Estudos de antropologia da civilização, que pretendem ser essa teoria. Mas Darcy continuou trabalhando sempre no seu texto sobre o Brasil e os brasileiros, explorando tanto as fontes bibliográficas disponíveis como as amplas oportunidades que ele teve de observação direta de todos os tipos de gentes do Brasil. Para tanto, buscou reconstituir e compreender em toda sua complexidade a formação do povo brasileiro nesse livro. No primeiro capitulo o autor aborda “O novo mundo e as matrizes étnicas” através da Ilha Brasil, Matriz Tupi e a Lusitanidade. De acordo com o autor, a Ilha Brasil era formada por índios de fala tupi, bons guerreiros que se instalaram dominadores, na imensidade da área, tanto à beira-mar, ao longo de toda a costa atlântica e pelo Amazonas acima, como subindo pelos rios principais, como o Paraguai, o Guaporé, o Tapajós, até suas nascentes. Talvez, com uns séculos a mais de liberdade e autonomia, esses índios se sobrepusessem aos outros os uniformizando culturalmente e desencadeando assim um processo oposto ao de expansão por diferenciação, mas o que na prática ocorreu como se sabe, foi à introdução de um protagonista novo, o europeu. A princípio os europeus formavam um grupo pequeno mas muito agressivos e destrutivos para a população indígena. Daí surgiu um conflito que se deu em todos os níveis: