A ritualização do progresso
O universitário foi escolarizado para desempenhar funções seletas entre os ricos do mundo. A universidade impõe padrões de consumo no trabalho e em casa, em qualquer parte do mundo e sob qualquer regime político. Por outro lado, a finalidade estrutural da moderna universidade pouco tem a ver com a pesquisa tradicional. A universidade moderna desperdiçou sua oportunidade de proporcionar um excelente local para encontros, que seriam ao mesmo tempo autônomos e anárquicos. Escolheu, ao invés, administrar um processo que fabrica a assim chamada pesquisa e instrução. Para a maioria que busca um título, a universidade não perdeu prestígio mas, desde 1968, perdeu a consideração de muitos que nela acreditava. Não há dúvida que, a universidade propicia uma combinação única de circunstâncias que permite a alguns de seus membros criticarem a sociedade em seu todo. Concede tempo, mobilidade, acesso à informação e a outros colegas, certa impunidade - privilégios não conhecidos a outros segmentos da população. Mas a universidade concede esta liberdade apenas àqueles que já foram profundamente iniciados na sociedade de consumo e na necessidade de haver escolas públicas obrigatórias de qualquer espécie que seja. O sistema escolar de hoje desempenha a tríplice função: repositório do mito da sociedade; a institucionalização desse mito; a institucionalização das contradições desse mito; o lugar do rito que reproduz e envolve as disparidades entre mito e realidade. O sistema escolar, hoje, e sobretudo na universidade, oferece grande oportunidade para criticar o mito e para rebelar-se contra suas perversões institucionais. A universidade americana veio a ser o último estágio do rito de iniciação mais envolvente que o mundo já conheceu. Não podemos iniciar uma reforma educacional sem antes compreender que nem a aprendizagem individual e nem a igualdade social podem ser incrementadas pelo rito escolar. Não podemos superar a sociedade de