A riqueza das naçoes
O maior aprimoramento das forças produtivas do trabalho e a maior parte da habilidade, destreza e bom senso com os quais o trabalho é em toda parte dirigido ou executado parecem ter sido resultados da divisão do trabalho.
Tomemos como exemplo a fabri¬cação de alfinetes. Um operário não trei¬na¬do para essa atividade nem familiarizado com a utilização das máquinas ali empregadas dificil¬mente fabricaria um único alfinete por dia. Entretanto, da forma como essa atividade é hoje executada um operário desenrola o arame, um outro o endireita, um terceiro o corta, um quarto faz as pontas, um quinto afia as pontas para a colocação da cabeça do alfinete; para fazer uma cabeça de alfinete requerem-se duas ou três ope¬ra¬ções diferentes; montar a cabeça é uma atividade diferente, e alvejar os alfinetes é outra; a própria embalagem dos alfinetes também constitui uma atividade independente. Assim, a importante atividade de fabricar um alfinete está dividida em aproximada¬mente 18 operações distintas. Uma pequena manufatura com apenas dez empregados consegue fabricar mais de 48 mil alfinetes por dia em virtude de uma adequada divisão do trabalho e da combinação de suas diferentes operações. Se, porém, esses dez operários tivessem trabalhado inde¬pendentemente um do outro, e sem que nenhum deles tivesse sido trei¬nado para esse ramo de atividade, ca¬da um deles não teria conseguido fa¬bricar um único alfinete.
A divisão do trabalho multiplica as produções de todos os diversos ofícios e gera, em uma sociedade bem dirigida, a riqueza universal que se estende até às camadas mais baixas do povo. Cada trabalhador tem para vender uma grande quantidade do seu próprio trabalho, além daquela de que ele mesmo necessita. Fornece-lhes em abundância aquilo de que carecem, e estes, por sua vez, com a mesma abundância, lhe fornecem aquilo de que necessita; assim é que em todas as camadas da sociedade se difunde uma abundância geral de bens. (Livro I, Capítulo I)
O