A república de platão
Todo esse processo eugênico tem por fim a realização do Estado Ideal, governado por filósofos e guardiões que jamais deverão se distrair de suas principais ocupações. Obstinado em tal propósito, Sócrates chega a excluir qualquer valor ao amor materno ou paterno, antepondo sempre os objetivos do Estado. Admite-se o aborto e o infanticídio quando ocorrerem concepções fora do estabelecido pelo Estado. Sócrates problematiza a opinião corrente que aceita a diferença de natureza entre homens e mulheres para avançar a ideia de uma natureza humana comum. Depois de ter delimitado o drama dos homens, Sócrates e seus interlocutores passam ao drama das mulheres. Começa então a examinar a possibilidade de as mulheres serem guardiãs; Se examinaram os homens como guardiões de um rebanho, devem ser conseqüentes e atribuir às mulheres um nascimento e uma educação semelhantes. Sócrates começa pela analogia com os cães, cujas fêmeas vigiam e caçam, fazendo tudo em comum com os machos; elas não ficam dentro de casa, pensando que parir e criar filhotes as torna incapazes; pelo contrário, fazem tudo em comum, embora seja preciso levar em conta que são mais fracas. Não há argumentação propriamente dita, apenas a ideia de que se entre os cães é assim, deve poder ser do mesmo modo entre homens e mulheres; a conclusão permanece no plano do parecer. Parece razoável (eikòs) que,