A relação entre relativismo e fundamentalismo na análise do infanticídio entre os índios
A importância do relativismo no âmbito cultural é demasiada por amenizar o impacto recorrente do choque entre duas sociedades com culturas distintas. No entanto, é preciso ter cuidado com o radicalismo relativista, pois este acaba por impedir as relações entre essas diferentes culturas, dificultando assim a ocorrência de mudanças sociais. O argumento relativista em relação ao infanticídio indígena se contradiz ao se posicionar como defensor da integridade cultural, uma vez que o infanticídio coloca em risco a continuidade da existência das sociedades que possuem as determinadas culturas em questão. É preciso primeiramente preservar uma sociedade para poder preservar sua cultura. Tal relativismo também é – a partir de um embasamento histórico – contra a teoria de passado contínuo defendida por Marc Bloch, uma vez que acaba por estagnar a cultura nas sociedades indígenas ao impedir o desenvolvimento de mudanças dentro das mesmas. Contrapondo-se ao argumento relativista está o que defende a universalidade ética pressupondo que as distintas sociedades espalhadas pelo mundo fazem parte de uma única grande sociedade que engloba a humanidade de forma geral. Essa sociedade universalista possui valores próprios e preza pelo direito a vida, opondo-se assim ao infanticídio indígena. Pode-se observar a existência de dois polos distintos, nos quais em um há uma questionável ideia de cultura que deve permanecer intacta e estagnada, ao contrário de outra que diz que a cultura é mutável e a ela deve-se permitir os benefícios dos direitos humanos.
Complementando o argumento universalista, vale destacar um texto de Sérgio Rouanet que diz: “Para preservar a pureza dessas culturas, o relativista se opõe à mudança social, muitas vezes contra o desejo expresso dos seus membros, que desejam, precisamente, aquelas inovações detestadas pelos relativistas. Em nome da tolerância, estes acabam