A reflexão da condição humana
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Memorial do Convento
Em Memorial do Convento, podemos ver que a reflexão sobre a condição humana assume particular relevância, nomeadamente, a oposição entre a situação dos ricos e dos trabalhadores.
D. João V representa a realeza que, de forma totalitária, sentenceia um povo a servir a sua religiosidade fanática e a sua presunção. Apesar de cumpridor dos seus deveres, D. João V assume apenas o papel de procriar e gerar um convento, podendo evidenciar a inexistência de intimidade e amor para com a rainha D. Maria Ana. O monarca, amante dos prazeres humanos, é o devoto fanático que submete uma nação inteira ao cumprimento de uma jura pessoal (a construção do convento, para garantir a sucessão) e que assiste aos autos-de-fé; tem um gosto excessivo por coisas supérfluas e desvia riquezas nacionais para manter uma corte luxuosa.
Por outro lado, o povo é o verdadeiro protagonista da obra. O povo, inculto e roubado, caracteriza a massa anónima e colectiva que, evidenciada por Baltasar e Blimunda, construiu o convento. Vivendo em condições lastimáveis, os quarenta mil portugueses foram obrigados, à força da violência, a abandonar as suas casas e a erguer o convento para cumprir a promessa do rei e engrandecer a sua glória. Baltasar, enquanto representante do povo, é pragmático e simples e representa ainda a crueldade da guerra, uma vez que depois de perder a mão esquerda durante o combate, é excluído do exército.
Assim, através do povo, vemos a essência de ser português: grandes feitos, com grande esforço e capacidade de sofrimento.
250 Palavras
Dulce Silva nº7,