Resumo caps 1 a 5 "a cabeça bem-feita"

Ocorre inadequação cada vez mais ampla e grave entre os saberes separados, fragmentados. De fato, a hiperespecialização impede de o global (que ela fragmenta em parcelas), bem como o essencial (que ela dilui). Os problemas essenciais nunca são parceláveis, e os problemas globais são cada vez mais essenciais.
A inteligência que só sabe separar fragmenta o complexo do mundo em pedaços separados, fraciona os problemas, atrofia as possibilidades de compreensão e de reflexão, eliminando assim as oportunidades de um julgamento corretivo ou de uma visão a longo prazo. Quanto mais os problemas se tornam multidimensionais, maior a incapacidade de pensar sua multidimensionalidade.
Assim, os desenvolvimentos disciplinares das ciências não só trouxeram as vantagens da divisão do trabalho, não só produziram o conhecimento e a elucidação, mas também a ignorância e a cegueira.
Em vez de corrigir esses desenvolvimentos, nosso sistema de ensino obedece a eles. Obrigam-nos a reduzir o complexo ao simples, isto é, a separar o que causa desordens ou contradições em nosso entendimento.
A ciência econômica é a ciência humana mais sofisticada e a mais formalizada. Contudo, os economistas são incapazes de estar de acordo sobre suas predições, geralmente errôneas. Porque a ciência econômica está isolada da outras dimensões humanas e sociais que lhe são inseparáveis. A economia é, ao mesmo tempo, a ciência mais avançada matematicamente e a mais atrasada humanamente.
Devemos pensar o problema do ensino, considerando os efeitos cada vez mais graves de compartimentação dos saberes e da incapacidade de articulá-los, uns aos outros, considerando que a aptidão para contextualizar e integrar é uma qualidade fundamental da mente humana, que precisa ser desenvolvida, e não atrofiada.
Esconde-se outro desafio atrás do desafio global e do complexo, que é o da expansão descontrolada do saber. O conhecimento só é conhecimento enquanto organização, relacionado com as informações e inserido