A QUESTÃO AMBIENTAL NO ESQUEMA CENTRO-PERIFERIA
Carlos Eduardo Frickmann Young
Maria Cecília Junqueira Lustosa
Introdução
O esquema centro-periferia permanece de grande utilidade para o entendimento da
América Latina contemporânea. As sucessivas crises com que esses países se defrontam têm como causa os mesmos problemas que levaram ao “ciclo de ouro” do pensamento estruturalista – desequilíbrios do balanço de pagamentos, estrangulamentos na infra-estrutura, crise social. A grande virtude dessa literatura era tratar esses elementos de forma integrada, juntando as peças do quebra-cabeça, e não simplesmente listar os componentes do problema e tratá-los separadamente.
Por outro lado, uma lição aprendida foi a importância de atentar para as heterogeneidades e desequilíbrios, que se manifestam em todas as dimensões do processo de desenvolvimento: desigualdades sociais, setoriais, tecnológicas, regionais e internacionais.
Mas também deve se ter em mente que o debate sobre desenvolvimento hoje possui nuances que eram ignoradas ou minoradas no passado. O conceito de “desenvolvimento sustentável”, explicitamente incorporando os temas da justiça social e da preservação ambiental, impõe exigências maiores aos processos de transformação produtiva. Não se trata “apenas” de que a periferia deva recuperar trajetórias de crescimento acima da média mundial; é preciso também responder a questões mais profundas: Onde crescer? Para quem crescer? Por que crescer? Como crescer?
O objetivo deste trabalho é mostrar a atualidade do modelo centro-periferia, mas introuzindo aspectos oriundos do debate sobre desenvolvimento sustentável. A dinâmica do modelo não é guiada pela tradicional dualidade entre matérias primas e produtos industrializados, mas pelos determinantes sistêmicos da competitividade: o estabelecimento de uma indústria baseada em mão de obra e recursos naturais baratos não resultou na esperada solução dos problemas econômicos e sociais apesar da maior