Resumo AS TEORIAS URBANAS E O PLANEJAMENTO URBANO NO BRASIL
A rede urbana que articula a economia, a sociedade e o espaço-tempo globalizado organiza também territórios de amplitudes várias, do micro regional ao continental. As relações metrópole-satélites, que inspiraram interpretações sobre o subdesenvolvimento e as relações internacionais, ganham hoje uma imensa complexidade diante da dimensão multiescalar, fragmentada e mutável (caleidoscópica, portanto) sob o comando do capital financeiro, particularmente na periferia do capitalismo, no mundo subdesenvolvido.
Por outro lado, é nas cidades (e no campo, com articulação nas cidades) que se construíram as forças sócio-culturais, econômicas e políticas que formaram o Brasil, produziram seu espaço urbano-regional e ainda o fazem.
Antecedentes: o urbanismo científico e as teorias sociais da cidade
As intervenções urbanas com pretensões científicas se iniciaram ao final do século XIX nas grandes metrópoles européias, com desdobramentos nas colônias e ex-colônias no resto do mundo.
O caso mais emblemático e que influenciou todo o mundo ocidental e suas colônias, é a famosa experiência do Barão Georges-Eugène Haussmann, em Paris, administrador do Sena entre 1853 e 1869, que projetou e implantou o que é considerado o primeiro plano regulador para uma metrópole moderna2. Haussmann se apoiou, de um lado, nos trabalhos de engenharia urbana desenvolvidos desde o início do século na Escola Politécnica e que se fortaleceram enormemente a partir da Revolução de 1848 e de outro, na força política e no interesse de Napoleão III, tão engajado no processo que a ele muitas vezes tem sido atribuída a autoria do esquema geral de racionalidade urbanística imposto a Paris, demolindo e construindo milhares de casas, implantando infra-estrutura e parques, abrindo grandes avenidas e dando à área central da cidade o sentido majestoso e a organização administrativa em vinte arrondissements que perdura até hoje.
No Brasil, foi o plano de Aarão