A quem confiarmos
Segunda-feira, 23 de abril de 2012.
Meus irmãos andamos carentes de confiança. Em quem acreditarmos, em quem confiarmos, em quem apostarmos, a quem elegermos. Não sei se em outros tempos nós confiávamos mais nas pessoas e nas instituições. Porque éramos simplórios? Pode ser. Hoje talvez sejamos mais espertos, crianças conhecem mundos, belezas e maldades que a gente só conhecia depois de estar trabalhando ou casado.
Não dá para arrumarmos tudo. Mas temos de melhorar, para que a gente durma e acorde ao menos com a sensação de que em algumas pessoas e instituições ainda podemos confiar. Vocês se lembram, quando a professora ou professor entrava em sala de aula, a gente se levantava - isso até o fim do 2° grau -, e não faz um século ainda. Hoje batem nos professores, jogam objetos, falam alto com o colega ou ao celular, se possível, ameaçam ou ridicularizam. São coisas que há alguns anos nem passavam pelas nossas fantasias de adolescentes, numa irreverência que hoje deve parecer patetice.
Nossos ídolos eram incrivelmente inocentes em relação a muitos ídolos atuais da garotada. Não acho que a gente curtiria muito alguém drogado que mal consegue se manter em pé, e que requebra para não cambalear. Nem no Judiciário a gente confia cegamente, pois a corrupção parece minar tudo no país. Andaram prendendo, exonerando assessores recentemente, mas tudo parou por aí. Dizem à boca pequena que, se fosse levado a sério e a fundo esse processo todo, restariam pouquíssimos, era caso de botar placas de que os três poderes foram fechados para reformas.
Como Pais ficamos exaustos, lutando para manter o essencial na casa, pagar o colégio razoável, ou atender ao consumismo, não creio que tenhamos muito tempo para dar aos nossos filhos carinho, atenção, alegria, autoridade, sem a qual tudo desanda. Fico imaginando quem dará, não só a jovens e adultos, mas a todos, algum conforto, apoio, exemplo, rumo e prumo: em quem, por exemplo, votar nas próximas