HELLER, A. - O cotidiano e a história.
Capítulo: Sobre os preconceitos
De acordo som Agnes Heller, o preconceito possui nesta conceituação: uma via de mão dupla, serve para resistir a uma ameaça e também para mantê-lo à distância – vale dizer, reprodução do preconceito pela distância, desconfiança, hostilidade, nossa incompreensão sempre revelada como resistência à diferença, e a libertação do outro como a nos livrar daquele que reproduzimos.
O conhecimento cotidiano não é estático, mas a forma como se processa a incorporação de conceitos científicos pela esfera da cotidianidade não é tão simples quanto pode parecer à primeira vista. De maneira geral, tendemos a utilizar conhecimentos diversos em circunstâncias diversas da vida: não é todo momento que pensamos cientificamente, mesmo que sejamos cientistas; em diversos momentos apenas utilizamos nosso conhecimento pragmático do senso comum. Os processos de pensamento da vida cotidiana são preparativos, realizados em função de objetivos práticos e não se tornam independentes de problemas a resolver, não constituem uma ordem própria, não produzem uma esfera autônoma, um meio homogêneo.
Os preconceitos estão presentes na vida cotidiana: o caráter cotidiano, a natureza efêmera das motivações, fixação do ritmo e rigidez do modo de vida. Eles têm a capacidade de “... manter a estabilidade e a coesão da integração dada” a determinado grupo social. Daí a coesão deste grupo deve ser mantida em estruturas sociais, que não só os mantenham, mas como os beneficie enquanto privilégios inerentes ao grupo social a que pertencem.
De duas maneiras chegamos a ultrageneralização: assumindo estereótipos, analogias e esquemas já elaborados, por outro, são impingidos pelo meio que crescemos e pode-se passar muito tempo até percebemos com a atitude crítica esses esquemas recebidos. A ultrageneralização caracteriza o pensamento cotidiano. E esses juízos ultrageneralizados são juízos