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E A PESQUISA EM EDUCAÇÃO1
Maria Helena Souza PATTO2
■ RESUMO: O artigo busca as possibilidades da teoria helleriana para a pesquisa na área de educação.
Toma como contribuição básica dessa teoria a categoria de cotidiano, entendendo essa dimensão como aspecto da vida social menosprezado pela filosofia e pelas ciências sociais. Trata-se de um comprometimento com a fundamentação teórica para um projeto político de "mudar a vida".
■ UNITERMOS: Cotidiano; indivíduo; alienação; interpretação.
Situando u m a perspectiva de análise
A presença recente de Agnes Heller na psicologia educacional brasileira deve-se, certamente, a impasses de natureza teórica e metodológica que foram tomando forma, nesta área, no decorrer dos anos 80.
A partir do ingresso do materialismo histórico na literatura educacional brasileira, primeiramente em sua versão althusseriana - que trouxe consigo a concepção da escola como Aparelho Ideológico de Estado - e em seguida em sua tradução gramsciana - que possibilitou a crítica às versões não-dialéticas do marxismo (mais especificamente, à concepção reprodutivista da relação escola-sociedade) -, a pesquisa educacional de vanguarda passou por uma mudança de foco no estudo da escola: os estudos tradicionais, baseados no modelo experimental de pesquisa, que ora se detinham na investigação das características psicológicas dos alunos, ora em aspectos da formação e da prática profissional dos educadores, ora nos métodos de ensino e de avaliação da aprendizagem, via de regra em termos do estabelecimento de relações estatisticamente verificáveis entre dados empíricos referidos como variáveis dependentes e independentes, foram substituídos pela atenção à escola enquanto instituição inserida numa estrutura social marcada por relações antagônicas de
1. Texto apresentado no Ciclo de Conferências sobre a Escola de Frankfurt, realizado na Faculdade de Ciências e
Letras da UNESP, Câmpus de Araraquara, em 1990.
2.