A Psicologia como Ciência Independente
Uma visão panorâmica e crítica
A partir da segunda metade do século XIX surgiram homens que pretendiam reservar aos estudos psicológicos um território próprio, cujo êxito se fez notar pelos discípulos e espaços conquistados nas instituições de ensino universitário e de pesquisa. Só então passou a existir a figura do psicólogo e passaram a ser criadas as instituições voltadas para a produção e transmissão de conhecimento psicológico.
Também na Idade Moderna, particularmente no século XIX, começaram a se construir as ciências da sociedade, como a Economia Política, a História, a antropologia, a Sociologia e a Linguística.
Augusto Comte, no seu sistema de ciências não cabe uma “psicologia” entre as “ciências biológicas” e as “sociais”. O principal empecilho para a psicologia seria seu objeto: a “psique”, entendida como “mente”, não se enquadrando, por isto, nas exigências do positivismo.
Ainda hoje, após mais de cem anos de esforços para se criar uma psicologia científica, os estudos psicológicos mantêm relações estreitas com muitas ciências biológicas e com muitas ciências sociais.
Precondições Socioculturais para o Aparecimento da Psicologia como Ciência no Século XIX
A experiência da subjetividade privatizada
Para que exista um interesse em conhecer cientificamente o “psicológico” são necessárias duas condições:
a) uma experiência muito clara da subjetividade privatizada; b) a experiência da crise dessa subjetividade
Essa experiência de sermos sujeitos capazes de decisões, sentimentos e emoções privados só se desenvolve, se aprofunda e se difunde amplamente numa sociedade com determinadas características. Ao lermos com atenção as obras de historiadores, veremos que as grandes irrupções da experiência subjetiva privatizada ocorrem em situações de crise social, quando uma tradição cultural é contestada e surgem novas formas de vida. Em situações como estas, os homens se veem